Caráter de uma posição
A escolha de um plano estratégico
depende, em todo caso, a posição em que a partida se encontra. Pode
fazer um plano estratégico adequado para ser seguido é um requisito
indispensável. E é muito importante a habilidade de julgar previamente a
posição e definir as suas características. Portanto, devemos perguntar
quais são os fatores que determinam o caráter de uma posição, e por
conseqüência, escolher um plano estratégico.
O caráter de uma posição é determinado pelos seguintes fatores:
1. A relação de material, seja de igualdade ou de superioridade de um bando em relação ao outro.
2. O poder individual de cada peça.
3. A qualidade individual de cada peão.
4. A posição dos peões, ou seja, a sua estrutura e formação.
5. A posição dos reis.
6. Cooperação mútua entre as peças.
Alguns
fatores que determinam o caráter de uma posição são permanentes, outros
são temporários. Um fator permanente é a posição dos peões, já que
eles, ao contrário das peças, não podem ser transferidos com facilidade,
exercem um papel mais estático no jogo. A posição dos peões muda
gradativamente no decorrer do jogo, só que as peças podem adaptar muito
bem a nova posição sem muita dificuldade. Aqui temos uma contradição. já
que os peões possuem um valor relativamente pequeno, contribuem muito
na determinação do caráter de uma posição. Outros fatores permanentes
são a relação de matéria, e muitas vezes, a posição dos reis. Uma frase
de advertência: o plano deve estar sob controle sempre para que por
acaso ocorrer alguma alteração na posição. Uma ligeira alteração pode
obrigar uma troca imediata do plano estratégico.
Ao julgar uma
posição, devemos atender aos fatores que determinam caráter daquela
posição, a partir daí eleger um plano. Outro fator muito importante é na
hora de julgar posição, devemos analisar as perspectivas dos dois
jogadores. Tal critério é muito importante se queremos calcular uma
série de movimentos. Se devemos efetuar as manobras ou combinações,
considerando que a posição resultante será ou não favorável. Se as
perspectivas dos dois jogadores são iguais, então temos uma posição
equilibrada, e uma posição equilibrada não significa necessariamente uma
posição de empate. As formas de equilíbrio:
1. Posições de empate que não oferecem nenhuma possibilidade para escolher um plano efetivo e ativo.
2.
Posições donde as mútuas possibilidades táticas são iguais, mas o
caráter está baseado nos elementos particulares que determinam o caráter
de uma posição.
O equilíbrio, no entanto, não pode ser alterado vantajosamente mediante de um ataque repentino
. Isto pode
prejudicar que o provoca. Este é um dos princípios de Steinitz. Homem que revolucionou o mundo de xadrez.
Veja o seguinte exemplo, extraído do livro Estratégia Moderna de Xadrez de Ludeck Pachman:
Meek - Morphy
(Mobile, 1855)
1. P4R, P4R;
2. CR3B, CD3B;
3. P4D, PxP;
4. B4BD, B4B;
5. C5C?, ...
A
quinta jogada das brancas foi de certo modo uma tentativa de
perturbação de equilíbrio mediante o sacrifício de um peão em troca do
desenvolvimento. Se as brancas continuassem de com 5. P3B, não teria
feito nenhuma troca desfavorável para seu próprio jogo. Com a jogada da
partida, trata-se de uma exploração da debilidade em 7BR com um ataque
repentino. Isto é um erro, pois óbvio de que as negras não cometeram
nenhum erro. O equilíbrio foi perturbado, portando o ímpeto do ataque
das brancas no combate não as proporcionará vantagem nenhuma.
5. ..., C3T;
6. CxPB
?!, CxC;
7. BxC+, RxB;
8. D5T
+, P3CR;
9. DxB,
As
últimas cinco jogadas das brancas têm chegado a recuperar o peão
sacrificado e ao mesmo tempo ter deixado o rei adversário exposto, mas
por causa disso, estão atrasadas em desenvolvimento e o equilíbrio
perturbado age contra ele.
9. ..., P3D;
10. D5CD, T1D;
11. D3C+?,
Um
jogador familiarizado com os princípios modernos de xadrez, sem dúvida,
escolheria a seguinte continuação 11. O-O, TxP; 12. C2D, T1R; 13. C3B.
Já que depois de as negras jogassem ...D3B; estariam suficientemente
compensados pelo peão sacrificado, ao completar seu desenvolvimento,
estariam dispostas a defender as ameaças imediatas.
12. ..., P4D;
13. D3D, PxP;
14. PxP, D5T+;
15. P3CR, TxP+;
16. R2B, D2R;
17. C2D, T6R;
18. D5C, P3B!;
19. D1B, ...;
Se 19. DxC, as negras contestariam ...T7R+
20. D1D, T1BR;
21. C3B, R1R
22. Abandonam.
Para
terminar, examinaremos conceitos de ataque e iniciativa em relação ao
equilíbrio. Para ataque, queremos dizer uma ameaça direta contra a
posição adversária mediante um avanço dos peões apoiados pelas peças
numa determinada seção do tabuleiro. O princípio bem conhecido na
ciência militar de que o sucesso da execução de um plano requer
superioridade nas forças atacantes é também aplicável em xadrez. Ao
levar em diante um ataque com esperança de sucesso precisamos uma
colocação mais ativa das peças, ou vantagem no espaço, ou maior
mobilidade ou a posição inimiga apresente alguma debilidade. O
procedimento de impor um próprio plano (marcar o passo) se chama
iniciativa, e é resultado natural de uma perturbação.
Algumas Dicas:
1). Numa luta contra a dama é importante evitar formação de debilidades táticas que poderiam ser atacadas pelo adversário.
2).
Uma dama e bispo, contra duas torres e um cavalo, numa posição aberta,
oferecem melhores oportunidades que uma dama contra duas torres. A razão
disso, é que dama e bispo coordenam melhor ao longo da diagonal.
"Capablanca
dizia que a ação conjunta entre um cavalo e uma dama é melhor do que a
dama com qualquer outra peça inclusive uma torre." (nota do tradutor)
Bispo Peças Menores Alguns conselhos para o manejo das peças menores:
Bispos: A fim de exercer sua máxima potência, um bispo precisa de diagonais desimpedias.
O
diferente valor entre os bispos é um fator importante. Pela regra, cada
bando procurará colocar seus peões mas casas de cores opostas do seu
próprio bispo. Isso facilita bloquear os peões adversários em casas
acessíveis ao bispo. Quando numa posição simplificada e a formação dos
peões tornam cada vez mais rígida, ambos lados tratam de liberar o bispo
mau e conservar o bom. No meio jogo, as vezes é bom iniciar uma série
de trocas que conduzem a um final favorável de bispo bom contra bispo
mal. Como por exemplo: 1. P4D, P4D; 2. P4BD,P3BD; 3. PxP, PxP; 4.CD3B;
CD3B; 5. C3B, C3B; 6. B4B, B4B; 7.P3R, P3R; os bispos em 4BR e 5BR
dificilmente podem ser chamados de maus.
Cavalos: Um requisito
par seu melhor funcionamento é contar com uma base operacional. Queremos
dizer que uma casa na qual um cavalo está protegido de ataques pelas
peças inimigas e mais importante, pelos peões.
Luta de cavalo contra bispo: Qual é melhor??
Para
esclarecer isso, devemos levar em conta sobre o caráter de uma posição e
principalmente a formação dos peões. O poder de longo alcance dos
bispos é definido melhor nas posições abertas com peões móveis em cada
lado do tabuleiro; A potência do cavalo se manifesta superior quando a
posição está fechada ou apresenta uma característica semifechada, ele
consegue alcançar casas devido seu movimento peculiar, chegando nos
pontos em que estão velados para o bispo devido seu movimento direto.
Portanto, o lado que tem o bispo deve manter os peões móveis, e o outro
lado deve procurar bloquear os peões nas casas de mesma cor do bispo e
ao mesmo tempo, mediante adequadas manobras de cavalo. criar pontos de
ataque.
Os dois bispos são considerados uma vantagem quase
absoluta, pois um bispo cobre apenas metade do tabuleiro, e um par de
bispos cobre o tabuleiro inteiro. Par de bispos numa posição fechada
ainda é considerada um fator considerável. Muitas vezes, um bando
sacrifica um peão para assegurar os dois bispos.
Os dois bispos
triunfam normalmente devido a sua natural coordenação entre si numa
posição aberta. Mas quando uma posição apresentar uma formação de peões
simetricamente distribuídos, devemos adotar um método engenhoso de
Steinitz:
a) Adequados avanços de peões para restringir bases operacionais para o cavalo inimigo,
b) Limitação da ação do cavalo, mantendo-o numa posição desfavorável na retaguarda;
c) Explorar o poder restritivo do cavalo mediante uma ruptura no momento certo.
Exemplo (extraído do livro "Os Mestres do Tabuleiro" de Ricard Reti):
Rosenthal Seinitz
(Viena. 1873)
1. P4R; P4R; 2. CD3B; 3. C3B; P3CR!?; 4. P4D, PxP; 5. CxP; B2C; 6. B3R, CR2R; 7. B4BD, ...
Aqui 7. D2D, seguido de O-O-O é forte!
7. ... P3D; 8. O-O, O-O; 9. P4B?, C4T!; 10. B3D, P4D; 11. PxP, ...
No 11. P5R?, P4BD! e perde-se uma peça.
11. ... CxP; 12. CxC, DxC; 13. P3B, T1D;
Ameaçando P4BD.
14. D2B, ...;
Tentando responder 14.... P4BD com B4R.
14. ... C5B!; 15. BxC, DxB; 16. D2B,
As negras estavam ameaçando 16. ...BxC; 17. BxB, TxB!
Agora
temos uma posição típica em que em que os dois bispos não têm objetivos
de ataque direto, portanto bom restringir a mobilidade de cavalo
branco. Esta partida tem uma grande importância histórica por ser a
primeira partida em que os princípios de Steinitz são utilizados.
16. ..., P4BD;
A primeira e a mais importante base operacional do cavalo é tirada.
17. C3B, P3C;
Pela
sua imprudente jogada 9. P4BR, as brancas têm restringido a mobilidade
do seu próprio bispo no flanco do rei; agora as negras formam uma cadeia
de peões para restringi-lo no flanco da dama.
18. C5R, D3R; 19. D3B, B3TD; 20. TR1R, P3B!; 21. C4C, D2B; 22. C2B. D2B;
Cuidando
da ameaça 23. P5B e ao mesmo tempo prepara B2C atacando ponto débil
7CR. Está claro de que agora as brancas estão numa posição inferior,
pois suas peças estão bastante restringidas. Sua próxima jogada que
perde um peão piora ainda mais a situação diminuindo toda chance de
sustentar a partida.
23.P5B, P4CR; 24. TD1D, B2C; 25. D3C, T4D!; 26.
TxT, DxT; 27. T1D, DxPB; 28. D7B, B4D; 29 P3CD, T1R; 30. P4B, B2B; 31.
B1B, T7R; 32. T1BR, D7BD;
Ameaçando TxC.
33. D3C, DxPT; 34. D8C+, R2T; 35. D3C, B3C; 36. P4T, P5C; 37. C3D, DxP; 38. D7B, DxC;
39. Abandonam.